segunda-feira, 19 de março de 2012


VIA SACRA: O CAMINHO DA MORTE À VIDA

Um pouco de história
A Via-sacra, ou Caminho da Cruz, é um caminho de oração muito importante, pois tem como objectivo principal levar as pessoas a meditarem naquilo que é mais fundamental no cristianismo: o mistério pascal de Jesus Cristo, a sua morte e ressurreição. os últimos passos de Jesus na terra são representados por uma série de imagens da sua Paixão, morte e sepultura, denominados estações.
Esta devoção nasceu, possivelmente, em Jerusalém. Segundo uma lenda, transmitida oralmente pelos primeiros cristãos, Maria percorreu várias vezes o caminho que Jesus seguiu desde a casa de Pilatos até ao lugar do Santo Sepulcro. A Maria começaram a juntar-se alguns dos primeiros cristãos, durante o primeiro século do cristianismo.
A devoção foi certamente adoptada pelos peregrinos, que ao visitarem Jerusalém, passaram a percorrer piedosamente a Via Dolorosa, que vai da casa de Pilatos ao Calvário e ao Santo Sepulcro. Percorrer este caminho converteu-se num hábito que qualquer peregrino devia cumprir, a partir do séc. IV.
Devido à ocupação da Terra Santa pelos muçulmanos e às grandes distâncias que era necessário percorrer, este costume passou, no século XIII da cidade Santa para as comunidades cristãs dispersas pelo mundo. Os frades franciscanos foram, como guardiães dos Lugares Santos, os grandes divulgadores desta devoção. Foi adquirindo diversas formas, segundo os lugares.
A Via-sacra estendeu-se a toda a Igreja latina, sobretudo no século XV. No entanto, o número de estações era ainda variável. Só no século XVIII, o Papa Bento XIV fixou definitivamente em catorze as estações da Via-sacra e, ao mesmo tempo, convidou todos os sacerdotes a enriquecer as suas igrejas com as suas representações:
1. Jesus é condenado à morte.
2. Jesus carrega com a cruz.
3. Jesus cai pela primeira vez.
4. Jesus encontra sua Mãe.
5. Simão de Cirene ajuda Jesus a carregar a cruz.
6. A Verónica limpa o rosto de Jesus.
7. Jesus cai pela segunda vez.
8. As mulheres de Jerusalém choram por Jesus.
9. Jesus cai pela terceira vez.
10. Jesus é despojado de suas vestes.
11. Jesus é pregado na cruz.
12. Jesus morre na cruz.
13. O corpo de Jesus é retirado da cruz.
14. O corpo de Jesus é colocado no sepulcro.

Apareceram, entretanto, algumas via-sacras com uma décima quinta estação: a que valoriza a ressurreição de Jesus, complemento imprescindível da sua morte.
Seguindo, de preferência a caminhar, as sucessivas estações da Via –sacra, tomamos mais consciência da nossa condição cristã: seguir a Cristo. E fazemos de certo modo, uma peregrinação espiritual à Terra Santa. Entre cada estação, medita-se, reza-se e canta-se, para assim, ser maior a união com Cristo.
Nas 14 estações atrás indicadas, há algumas que não estão relatadas nos Evangelhos, mas que têm a origem em lendas que passaram a fazer parte da nossa tradição; É o caso das quedas de Jesus, e dos encontros com a Verónica e com Maria. Por isso recentemente, algumas dessas estações têm sido preenchidas por acontecimentos narrados nos Evangelhos.

A Via-sacra pode ser rezada durante todo o ano litúrgico, mas adquire um significado especial durante a Quaresma, principalmente na Sexta-feira Santa. Em Roma, é o Papa que, nesse dia à noite, dirige as estações, desde o coliseu de Roma. Foi aí que morreram muitos dos primeiros mártires da história do Cristianismo.
Pode ser feita no interior de uma igreja, onde se encontram as cruzes a assinalar as estações, ou então no exterior, em forma de procissão e com uma cruz à frente.

Cf. "Somos +: Guia do catequista", Secretariado Nacional da Educação Cristã




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